ONDE NASCE A POESIA

Enchi a mala de versos e ganhei a estrada
Parti em busca do sonho de todo o poeta:
"Encontrar o lugar onde nasceu a poesia".

Cruzei sangas, me fiz rio, ganhei o mar,

Naveguei oceanos em barcos de papel
Venci as cachoeiras das tintas dos tinteiros
Penerei, por farra, toda a areia dos desertos,
Fui madeireiro e, de machado em punho,
Abri clareiras nas florestas mais cerradas
Ganhei o nada na intenção de ter o tudo;

Voei, tão alto, bem mais alto que podia
Por entre as nuvens, vi o sol brilhar de cima,
Pintei de rimas cada estrela que caía,
Por ironia, em preto e branco o meu retrato;

Busquei o fato onde haviam só rumores
Morri de amores pra renascer em poesia...
Troquei o dia pelas noites mal dormidas
Fui despedidas contra o brilho das chegadas...

Domei os ventos na intenção dos temporais
Tornei possível os impossíveis reencontros
Plantei ocasos nas auroras matutinas...
Fiz vespertinas minhas dores derradeiras;

Sou a fronteira entre o certo e o errado
Fui consagrado o corpo santo da paixão
Sou a razão na plenitude do descaso
Sou eu o vaso de onde jorra a ilusão;

Voltei tão triste que chorei de alegria
Pois a poesia não tem casa nem lugar
Ela habita o inconsciente dos poetas
Tem hora certa pra enfim se derramar...

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

SEM TÍTULO

Salvem o meu sol
Que arde em brasa
Na febre dos amanhãs…
Socorram os meus dias
Da fatalidade
De morrer a cada ocaso…
Vinguem minhas horas
Quando, enfim, eu me for,
Digam
Que eu vivi por amor
Esta luta do dia-a-dia
Esbanjei alegrias
E escondi minha dor…
Peço aos meus
Quem paguem as minhas dívidas,
Todas elas, uma a uma,
Fiquei devendo sorrisos
Pra quem me fez cara feia…
Ainda devo uns abraços
A quem não quis me abraçar..
Faltei muito com a verdade
Quando dizia estar tudo bem…
Fui, por demais, egoista
Escondendo, dos meus,
As minhas muitas marguras…
Abusei das palavras duras
Pra negar o que eu não tinha…
Escondi a minha herança
Daqueles que mais precisavam,
Não quis dar o que queriam
Pois nem eu mesmo na sabia
Que não somos donos de nada…
Peço, ainda,
Que procurem por aí
A esperança que eu perdi
Ou que fingí ser-lhe o dono.
Ah!!! A água e a luz
Não precisam pagar
Chorei rios, fiz um mar
E a minha luz…
Essa ninguém poderá me cortar.

(EU, AGORA)

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