ONDE NASCE A POESIA

Enchi a mala de versos e ganhei a estrada
Parti em busca do sonho de todo o poeta:
"Encontrar o lugar onde nasceu a poesia".

Cruzei sangas, me fiz rio, ganhei o mar,

Naveguei oceanos em barcos de papel
Venci as cachoeiras das tintas dos tinteiros
Penerei, por farra, toda a areia dos desertos,
Fui madeireiro e, de machado em punho,
Abri clareiras nas florestas mais cerradas
Ganhei o nada na intenção de ter o tudo;

Voei, tão alto, bem mais alto que podia
Por entre as nuvens, vi o sol brilhar de cima,
Pintei de rimas cada estrela que caía,
Por ironia, em preto e branco o meu retrato;

Busquei o fato onde haviam só rumores
Morri de amores pra renascer em poesia...
Troquei o dia pelas noites mal dormidas
Fui despedidas contra o brilho das chegadas...

Domei os ventos na intenção dos temporais
Tornei possível os impossíveis reencontros
Plantei ocasos nas auroras matutinas...
Fiz vespertinas minhas dores derradeiras;

Sou a fronteira entre o certo e o errado
Fui consagrado o corpo santo da paixão
Sou a razão na plenitude do descaso
Sou eu o vaso de onde jorra a ilusão;

Voltei tão triste que chorei de alegria
Pois a poesia não tem casa nem lugar
Ela habita o inconsciente dos poetas
Tem hora certa pra enfim se derramar...

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

MÃO LIGEIRA - Tulio Urach/Eu/Miguel Azambuja/Pirisca





Pra me exibir um pouco, matar a saudade, dividir com os amigos, até pq naqueles idos de antigamente não tinha os blóguis.



Na foto daqui pra lá: Não sei quem, Angelo Franco, Pirisca, Chinico, Negão (representante oficial do Túlio no evento) Rica Freire (o velhinho), Miguel Azambuja e o Bunitão (nem tava branca a barba ainda)





Num bolicho, costeando a estrada,
A palidez de um candieiro
De trás do balcão, por trás do bigode
O sono do bolicheiro.
Na prateleira, garrafas perdidas
Entre teia de aranha e poeira
- “Acorda parceiro – me serve uma canha
Me comoveu teu capricho
Mas dispenso a teia de aranha
Não me agrada o instinto do bicho.

Aliviei a canseira
Naquele gole de pura
E vi uma estranha figura
No meio da fumaceira.

Virado em “zóio” e caveira
A tosse curtida e a tremedeira
O baralho e a manha de quem tenteia
Como a tecer sua teia.
Um desafio e nós já se atracamo
Num truco cego de mano.
Nunca vi mão mais ligeira
Que a mão do tal calaveira
No meio da fumaceira
Virado em “zóio” e caveira...

Era um mistério
A maleza que eu tava
Nem vinte pra envido ligava
Quem perde um vintém – perde tudo o que tem
Não sei disparar de ninguém
Mas me parei desconfiado
Da sorte pender só pra um lado.

As perdas passando da conta
Marquei o espadão numa ponta
Pra ver se pegava de jeito
As manhas do tal sujeito
Virado em “zóio” e caveira
E a mão, por demais de ligeira
No meio da fumaceira
A tosse curtida – a tremedeira.

Justo na vaza mais feia
Que o “Ás” marcado na “oreia”
Ficou no baralho “me olhando”
Eu tinha o “Bastião” – fui “tentiando”
Botei “Vale-quatro” – ele não correu,
Joguei o “Bastião”...Ele matou?!!!
Outro “Às”...Fedeu!!!
Chamei o porco no aço
Decepei-lhe o braço
E ele saiu feito “lôco”
Gritando, agarrado no “toco”...
No meio da fumaceira,
Num bolicho, costeando a estrada,
Ficaram dois ases de espada
E a mão ligeira do calaveira.






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