ONDE NASCE A POESIA

Enchi a mala de versos e ganhei a estrada
Parti em busca do sonho de todo o poeta:
"Encontrar o lugar onde nasceu a poesia".

Cruzei sangas, me fiz rio, ganhei o mar,

Naveguei oceanos em barcos de papel
Venci as cachoeiras das tintas dos tinteiros
Penerei, por farra, toda a areia dos desertos,
Fui madeireiro e, de machado em punho,
Abri clareiras nas florestas mais cerradas
Ganhei o nada na intenção de ter o tudo;

Voei, tão alto, bem mais alto que podia
Por entre as nuvens, vi o sol brilhar de cima,
Pintei de rimas cada estrela que caía,
Por ironia, em preto e branco o meu retrato;

Busquei o fato onde haviam só rumores
Morri de amores pra renascer em poesia...
Troquei o dia pelas noites mal dormidas
Fui despedidas contra o brilho das chegadas...

Domei os ventos na intenção dos temporais
Tornei possível os impossíveis reencontros
Plantei ocasos nas auroras matutinas...
Fiz vespertinas minhas dores derradeiras;

Sou a fronteira entre o certo e o errado
Fui consagrado o corpo santo da paixão
Sou a razão na plenitude do descaso
Sou eu o vaso de onde jorra a ilusão;

Voltei tão triste que chorei de alegria
Pois a poesia não tem casa nem lugar
Ela habita o inconsciente dos poetas
Tem hora certa pra enfim se derramar...

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

AH!!! FELICIDADE

Ah! Felicidade
Cevei um mate, desencilhei a vida
E... larguei campo fora o pensamento;

A lida se parou escassa
E eu me vi com o coração às “traça”
Mais atirado que um pelego velho
Que, sem serventia,
Nem pra “forra”um arreio
É lembrado mais.

Mas, “hay”que se “continuá” vivendo
Sofrendo, chorando, fingindo...cantando...
Quem vê de longe nem diz
Pois até parece que se é feliz.

Ah! Felicidade
Potra xucra que ninguém segura
As “vez” vem no sorriso de uma criatura
Que, sem dizer nada, lhe invade o peito,
Lhe arranca a alma...
Lhe rouba o nome,

Noutras, chega de mansinho
Lhe faz um carinho
Lhe empresta a vida
E... depois se some.

Ah! Felicidade
Pedra que não cria limo
Inço que não tem raiz
Ah! Felicidade
Que eu queria tanto
Por quem tanto fiz.

Lhe entreguei a vida
Lhe construí guarida
E ela não me quis.

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