INVENTÁRIO
Foram tantos os cavalos que amansei
para os outros, na campeira serventia...
E hoje, velho, vejo que nunca juntei
nem migalhas do que foi minha fatia!
Minhas pilchas - vi o tempo a descosê-las...
Meus pelegos não aguentam invernias!
E, da noite, só me resta um par de estrelas
a esporear minhas antigas nostalgias...
Para os meus, eu deixo um lote de esperanças
inventário de ilusões e de utopias...
Nome honrado há de ficar na minha herança
só que, hoje, já não sei se tem valia!
Deixo ainda, para os filhos, para os netos
a altivez que a minha estampa definia,
os valores de um campeiro analfabeto
e a coragem de buscar o que queria!
Experiência, cada qual conquista a sua;
se eu deixasse, muito pouco valeria...
Mas o amor pela querência perpetua
o atavismo que eu carrego como guia!
Inventário de princípios e de anseios...
Não há campos, nem cavalo ou gadaria...
Um chapéu, um velho poncho, um par de arreios,
Fé e coragem renascendo a cada dia!
sábado, 17 de outubro de 2009
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