ONDE NASCE A POESIA

Enchi a mala de versos e ganhei a estrada
Parti em busca do sonho de todo o poeta:
"Encontrar o lugar onde nasceu a poesia".

Cruzei sangas, me fiz rio, ganhei o mar,

Naveguei oceanos em barcos de papel
Venci as cachoeiras das tintas dos tinteiros
Penerei, por farra, toda a areia dos desertos,
Fui madeireiro e, de machado em punho,
Abri clareiras nas florestas mais cerradas
Ganhei o nada na intenção de ter o tudo;

Voei, tão alto, bem mais alto que podia
Por entre as nuvens, vi o sol brilhar de cima,
Pintei de rimas cada estrela que caía,
Por ironia, em preto e branco o meu retrato;

Busquei o fato onde haviam só rumores
Morri de amores pra renascer em poesia...
Troquei o dia pelas noites mal dormidas
Fui despedidas contra o brilho das chegadas...

Domei os ventos na intenção dos temporais
Tornei possível os impossíveis reencontros
Plantei ocasos nas auroras matutinas...
Fiz vespertinas minhas dores derradeiras;

Sou a fronteira entre o certo e o errado
Fui consagrado o corpo santo da paixão
Sou a razão na plenitude do descaso
Sou eu o vaso de onde jorra a ilusão;

Voltei tão triste que chorei de alegria
Pois a poesia não tem casa nem lugar
Ela habita o inconsciente dos poetas
Tem hora certa pra enfim se derramar...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

TE IMAGINEI

TE IMAGINEI


Quando te vi
E percebi a minha imagem
Refletida no espelho dos teus olhos
Eu entendi que eu e tu já somos nós;

Te imaginei
Na menina que há nos meus
Por onde entras
Pra habitar meu coração.

Que a solidão
É só uma imagem distorcida
Sombra de vida
Se arrastando pelo chão...

Ó prenda, entenda
Que és o mate na varanda
Um roda-roda de ciranda
O Sol e a Lua do meu céu.

Sem ti
Me reencontro na distância
O rumo perde a importância
Faço de lar o meu chapéu.

Sem ti
Não há motivos
Pra sonhar nem pra sorrir
Somente a vida
De vagar
Para fingir.

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