ONDE NASCE A POESIA

Enchi a mala de versos e ganhei a estrada
Parti em busca do sonho de todo o poeta:
"Encontrar o lugar onde nasceu a poesia".

Cruzei sangas, me fiz rio, ganhei o mar,

Naveguei oceanos em barcos de papel
Venci as cachoeiras das tintas dos tinteiros
Penerei, por farra, toda a areia dos desertos,
Fui madeireiro e, de machado em punho,
Abri clareiras nas florestas mais cerradas
Ganhei o nada na intenção de ter o tudo;

Voei, tão alto, bem mais alto que podia
Por entre as nuvens, vi o sol brilhar de cima,
Pintei de rimas cada estrela que caía,
Por ironia, em preto e branco o meu retrato;

Busquei o fato onde haviam só rumores
Morri de amores pra renascer em poesia...
Troquei o dia pelas noites mal dormidas
Fui despedidas contra o brilho das chegadas...

Domei os ventos na intenção dos temporais
Tornei possível os impossíveis reencontros
Plantei ocasos nas auroras matutinas...
Fiz vespertinas minhas dores derradeiras;

Sou a fronteira entre o certo e o errado
Fui consagrado o corpo santo da paixão
Sou a razão na plenitude do descaso
Sou eu o vaso de onde jorra a ilusão;

Voltei tão triste que chorei de alegria
Pois a poesia não tem casa nem lugar
Ela habita o inconsciente dos poetas
Tem hora certa pra enfim se derramar...

terça-feira, 27 de outubro de 2009

AO SEGURAR TUA MÃO - Primeirinho no 20º de Santiago - Carlos Omar/Juca/Jorge Freitas


Ao olhar os teus cabelos,
Branquinhos feito algodão,
Encontro tantos sinuelos
Que habitam teu coração.
Meu peito é um redemoinho,
O tempo parece vão...
E me vejo, pequeninho,
Segurando a tua mão.

Quantas andanças meu velho...
Meu velho, quantas partidas!
Tantas lonjuras de estradas
Entre as poeiras da vida.
Nos meus olhos de criança
Esperanças repartidas
Entre o amor que ficava
E o choro da despedida.

Pai...
Quando abrias tuas asas
Os meus sonhos revoavam
No rastro das tuas distâncias;
Pai...
Renasci nas tuas chegadas
E entendi, quando voltavas,
Que a vida é feita de andanças!

Hoje tuas asas cansaram,
Encurtaram tuas distâncias...
Meus horizontes cresceram,
Criei minhas próprias andanças.
Mas sinto que, deste rancho,
Em cada história que vivo,
Quando abro as minhas asas
Teus sonhos voam comigo.

Quantas andanças meu velho...
Meu velho, quantas partidas!
Quantas paixões e pegadas
Andei somando na vida.
Mas sei voltar dos caminhos
Pois aprendi a lição...
E torno a ser pequeninho
Ao segurar tua mão.

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